Nos
países mais civilizados, as polícias, seja militar ou civil, são,
em geral, preparadas para lidar com o caráter civil de sua
atividade. Tanto é que boa parte delas é são justamente de tal
regime , tendo os países anglo-saxões uma certa repulsa por policia
de caráter militar, o que obriga os demais países que possuem tais
organizações em seus sistemas a não tratarem de assuntos
internacionais através dessa entidades. Em suma: Interpol não tem
policia militar, mesmo que seja a com melhor qualidade de
investigação. Ao menos na Europa.
Bem, mas nem quero
falar do caráter militar, pois, a bem dizer, a policia no Brasil é
bem violenta e inficiente de forma bem democrática, pouco importando
o regime. Por isso precisamos de uma forte reforma, como a PEC 51.
Porém uma reforma não apenas legislativa, mas de pensamento.
Sendo assim, hoje resolvi
publicar um documentário, com apenas 16 minutos, que trata dos
estragos causados nas incursões policiais em comunidade carentes, em
geral dominadas pelo tráfico. Fica claro que tratamos de uma guerra
civil, pois há uma parcela da sociedade que não pode contar com a
policia: não porque seu serviço seja mal prestado, mas porque foi
feita para mantê-los afastados de outros grupos sociais. Para elas
polícia é o inimigo. E para a policia eles são o inimigo. No final
morre policia, morre bandido, morre cidadão. E nada se resolve.
Nesse contexto que
questiono nossas políticas: as policias da Europa Ocidental possuem
vários programas de recrutamento em minorias, que significa admitir
indivíduos pertencentes a grupos que historicamente sofrem abusos,
preconceitos ou segregação. Muitas até reservam vagas para
mulheres, pois sabemos que o ambiente sempre lhes foi hostil,
mostrando a força descomunal das pertencentes aos quadros das forças
de segurança pelo mundo. O Japão também adota essa política,
visto ser uma sociedade fortemente machista.
A ideia por trás
disso é tornar a polícia mais democrática, que atenda aos anseios
da sociedade e de determinados grupos sociais, tentando conciliar a
manutenção da ordem, os direitos fundamentais e a inclusão de
determinados grupos. Mas parece que no Brasil se pensa justamente o
contrário. Bem, nada surpreendente dado o sistema retrógrado de
Segurança Pública que possuímos, claramente datado no tempo da
chegada da Coroa no Brasil.
No mais, gosto sempre
de frisar: faculdade de direito não prepara policial. Os atuais
cursos de formação – talvez excluindo-se os de Formação de
Oficiais – também não. Por isso os mesmos países citados acima
consideram a sociologia matéria obrigatória na formação de tais
profissionais, com o mesmo peso das leis, técnicas operacionais e de
Administração, principalmente quando os profissionais se preparam
para os cargos de gestão (em geral policiais da base possuem uma
carreira, o conceito de carreira única)
Obs.: na operação de que trata o documentário, foram mortos 13 civis e um policial excepcionalmente treinado e equipado. Não deveria ser condição normal nem os 13 mortos e nem um policial deste naipe morrerem em tempos de paz. Mas no Brasil parece que é.
Obs.: na operação de que trata o documentário, foram mortos 13 civis e um policial excepcionalmente treinado e equipado. Não deveria ser condição normal nem os 13 mortos e nem um policial deste naipe morrerem em tempos de paz. Mas no Brasil parece que é.