terça-feira, 11 de março de 2014

Precisamos entender: polícia é muito mais que tiro, porrada e bomba!

Nos países mais civilizados, as polícias, seja militar ou civil, são, em geral, preparadas para lidar com o caráter civil de sua atividade. Tanto é que boa parte delas é são justamente de tal regime , tendo os países anglo-saxões uma certa repulsa por policia de caráter militar, o que obriga os demais países que possuem tais organizações em seus sistemas a não tratarem de assuntos internacionais através dessa entidades. Em suma: Interpol não tem policia militar, mesmo que seja a com melhor qualidade de investigação. Ao menos na Europa.

Bem, mas nem quero falar do caráter militar, pois, a bem dizer, a policia no Brasil é bem violenta e inficiente de forma bem democrática, pouco importando o regime. Por isso precisamos de uma forte reforma, como a PEC 51. Porém uma reforma não apenas legislativa, mas de pensamento.

Sendo assim, hoje resolvi publicar um documentário, com apenas 16 minutos, que trata dos estragos causados nas incursões policiais em comunidade carentes, em geral dominadas pelo tráfico. Fica claro que tratamos de uma guerra civil, pois há uma parcela da sociedade que não pode contar com a policia: não porque seu serviço seja mal prestado, mas porque foi feita para mantê-los afastados de outros grupos sociais. Para elas polícia é o inimigo. E para a policia eles são o inimigo. No final morre policia, morre bandido, morre cidadão. E nada se resolve.

Nesse contexto que questiono nossas políticas: as policias da Europa Ocidental possuem vários programas de recrutamento em minorias, que significa admitir indivíduos pertencentes a grupos que historicamente sofrem abusos, preconceitos ou segregação. Muitas até reservam vagas para mulheres, pois sabemos que o ambiente sempre lhes foi hostil, mostrando a força descomunal das pertencentes aos quadros das forças de segurança pelo mundo. O Japão também adota essa política, visto ser uma sociedade fortemente machista.

A ideia por trás disso é tornar a polícia mais democrática, que atenda aos anseios da sociedade e de determinados grupos sociais, tentando conciliar a manutenção da ordem, os direitos fundamentais e a inclusão de determinados grupos. Mas parece que no Brasil se pensa justamente o contrário. Bem, nada surpreendente dado o sistema retrógrado de Segurança Pública que possuímos, claramente datado no tempo da chegada da Coroa no Brasil.

No mais, gosto sempre de frisar: faculdade de direito não prepara policial. Os atuais cursos de formação – talvez excluindo-se os de Formação de Oficiais – também não. Por isso os mesmos países citados acima consideram a sociologia matéria obrigatória na formação de tais profissionais, com o mesmo peso das leis, técnicas operacionais e de Administração, principalmente quando os profissionais se preparam para os cargos de gestão (em geral policiais da base possuem uma carreira, o conceito de carreira única)

Obs.: na operação de que trata o documentário, foram mortos 13 civis e um policial excepcionalmente treinado e equipado. Não deveria ser condição normal nem os 13 mortos e nem um policial deste naipe morrerem em tempos de paz. Mas no Brasil parece que é.